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19 de março de 2007

O Debate continua... "Afoga esta vaca dentro da piscina..."

A PERIFERIA ATACA A KU KLUX KLAN

A CULTURA DOS VACILOS (Sérgio Vaz)

RESPOSTA À JORNALISTA BÁRBARA GANCIA DA FOLHA DE SÃO PAULO QUE ATACOU O MOVIMENTO HIP-HOP

Nesta semana uma figura da alta sociedade paulistana, a fofoqueira e jornalista Bárbara Gancia, surtou ao ler um artigo do jornalista do New York Times, Larry Rother, que respeitosamente falava sobre o movimento Hip Hop e outras manifestações culturais que acontecem nas periferias do Brasil. A Jornalista mostrou-se indignada porque o governo quer investir na cultura de rua, Djs, Grafiteiros, Bboys e Mc`s .

O artigo intitulado “cultura de bacilos" (bactéria) já começa com uma provocação: se usamos verbas públicas para ensinar Hip Hop, rap e funk, por quê não incluir na lista axé ou dança da garrafa? Ataca ela.

Vacilo dela? Nenhum é assim que a elite pensa. É assim que se porta o fascismo diante de uma pequena possibilidade da periferia conseguir um espaço, por menor que seja. É raiva pura. A casa grande se agita na menor possibilidade de barulho na senzala. É assim que pensa muitos jornalistas, que agem como capitães do mato a serviço do senhor do engenho.

Não acredito nisso! Não e não, a princípio a cultura não quer verba pública para o movimento, o Hip Hop quer entrar na sua USP, você deixa?

Até porque, o que são Us$ 60 mil perto dos milhões que vocês descolam das doações de estatais e incentivos culturais? Pode ficar com os us$60 mil pra você, como malufista sei que não teria a menor dificuldade em aceitar. Ou então, dá tudo pro Circo de soleil, o cinemão, teatrão, para os artistas de sempre, representante da alta sociedade cultural.

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O HIP HOP DESAFIA A JORNALISTA BARBARA GANCIA PAR UM DEBATE

- PODE SER NA SEDE DA FOLHA DE SÃO PAULO

Barbara, que tal um debate público em torno dos falsos paradigmas que norteiam as questões levantadas em seu texto. Um debate com sua ilustre presença, outros formadores de opinião, pesquisadores e ativistas do hip hop.

Toda opinião assinada deve ser respeitada, mas pré-conceitos devem ser debatidos, e anulados. No mínimo, devemos conceituar cultura hip hop e sua mundialização assim como fazemos com a cultura literária européia e sua mundialização. Dentro das questões levantadas em suas reflexões, a leitura de Machado de Assis torna-se tão problemática como qualquer interlocução com Snoop Doggy Dog.

"Verdades" como as que levam você a crer que o fato de alguém ler clássicos de autores canônicos o torna mais culto que um analfabeto, por exemplo, já disseminou no mundo pensamentos e ideologias arbitrarias que engendraram diversas versões de fascismo.

Abandone a capa de sua trajetória social burguesa... Saia da sombra e do aconchego de seu escritório bem equipado... e venha debater à luz do dia, olho-no-olho, o hip hop!


Nelson Maca

Professor de Literatura da Universidade Católica de Salvador
Ativista do movimento hip hop da Bahia (Coletivo Blackitude)