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18 de dezembro de 2006

++ Racionais

Entrevista com Mano Brown para o Jornal da Tarde no Radiola Urbana!!

Há sempre uma demora grande do grupo em lançar discos. Muito se falou sobre o próximo CD de vocês, sobre um DVD com documentário, mas ninguém sabe quando vai sair.
Vai sair o DVD (com documentário) ainda esse ano e o CD ficou para o ano que vem. Estamos lançado dois grupos agora, um daqui (Capão Redondo) e um outro da zona oeste. Se esse grupo pegar, vai mudar tudo na região em que eles moram. É uma estratégia. Se pegar, vai ser uma revolução.

Por quê?
Eles vão ser o espelho que falta na região deles... A gente vive como espelho. Não tive pai ou irmão mais velho em quem me espelhar, tive dois amigos da rua. Um primo mais velho me ensinou a ouvir Jorge Ben, outro me ensinou a usar roupa tal e um outro me ensinou a chegar de um jeito tal nas mulheres. Se a gente for espelho de nossos filhos e dos menores que vivem com a gente, se conseguirmos ganhar dinheiro honestamente e fazer com que eles percebam isso, vai ser bom.

A estratégia que você diz seria fazer cada região ter um Racionais?
Não, Racionais não, mas o importante é fazer aparecer referências de superação. Se pudesse, ajudaria os caras a se formarem advogados.

Brown, você fez uma declaração no DVD '100% Favela' dizendo como seu próprio preconceito havia atrapalhado sua vida. Quando via um moleque de olhos claros, automaticamente o odiava por saber que ele tinha coisas que você não poderia ter. Quando você reconhece isso quer dizer que está mudando?
O problema é que toda hora estou regredindo e esse ódio volta para mim. Isso é algo que ainda penso e que me maltrata muito. Antigamente, eu não conseguia ver (os preconceitos), eu era cego e sofria menos. Agora, eu vejo melhor e sofro mais.

O que o faz regredir?
Você acha que o cara não tem culpa, mas ele tem sim. Você não tem nada contra a pessoa do cara, mas contra o que ele representa.

É um círculo isso?
É um círculo.

E como sair dele?
Não tem como sair dele.

A qualidade do rap não caiu muito por causa do excesso de grupos?
Tudo que cresce muito atrai gente que só pega carona no movimento, mas que vai se achar lá na frente, gente que está no rap mas que ainda vai ser um bom médico. A primeira missão de muitos foi ser cantor de rap, mas aí ele descobre que não é bom para cantar mas é bom para trocar idéia, para mexer com dinheiro, para fazer compra. Eu já estou vendo uns manos assim, que começaram no rap mas hoje são artistas plásticos. O rap muda a vida dele, mas ele não vira um astro.



Achado no: Groove Grave
Fonte: Radiola Urbana

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